Aquela cena de “Infiltrado na Klan”(2018)
*Contém Spoilers*
BlacKKKlansman (ou “Infiltrado na Klan”) dirigido por Spike Lee e lançado em 2018, é uma adaptação do livro “Black Klansman: Race, Hate, and the Undercover Investigation of a Lifetim”, baseado na história real de um policial negro que se infiltra na Ku Klux Klan. Além de dirigir, Spike Lee escreve o roteiro juntos com outros nomes e participa da produção ao lado de Jason Blum (“Whiplash” ), Jordan Peele (“Corra!”), e Sean McKittrick (“Donnie Darko”). O filme ainda conta com um elenco de peso, John David Washington (“Malcolm & Marie” e “Tenet”), no papel de Ron Stallworth, Adam Driver (“Star Wars”), como Philip Zimmermann e Laura Harrier (“Spider-Man: Homecoming”), interpretando Patrice Dumas.
No primeiro ato do filme, existe uma cena peculiar que me chamou muito a atenção. Em dado momento, Ron se encontra com Patrice em uma discoteca e a convida para o acompanhar em uma dança. Nessa cena há prevalência da cor vermelha e verde em todo quadro do plano, e isso abre uma oportunidade para analisar a fotografia do longa, em específico nesse frame. O vermelho representando a paixão e o verde a esperança, claro que ambas as cores têm significados diferentes em culturas diversas e ainda podem passar outras emoções.
Digo paixão pois, é nesse momento em que Ron se descobre apaixonado por Patrice- e isso é totalmente perceptível nos olhares de John D. Washington-, porém, também acompanha a percepção de que isso pode o atrapalhar futuramente. Por isso, a trilha desta cena é “Too Late To Turn Back Now”, do grupo Cornelius Brother & Sister Rose, que em tradução livre significa “tarde demais para voltar atrás”, e em seu refrão traz: “É tarde demais para voltar atrás. Eu acredito, eu acredito, eu acredito que estou apaixonado”.
Além disso, o verde da esperança também contextualiza toda a situação do período histórico em que se passa o filme. A situação da população afro-americana não era nada fácil na década de 70, e em ocasiões como essas — nas discotecas ao som de R&B — são os poucos momentos de conforto, entretenimento, diversão e descanso que o povo oprimido — que sofre diariamente com a violência policial (cenas antes, Patrice relata ao Ron um caso de abuso policial), racismo, preconceito e dias de lutas árduas — encontra. Nesse instante vem a expectativa de que tudo dará certo e a crença de que um dia isso tudo irá acabar, e no fim o amor prevalecerá.